CARTA ABERTA DOS COLETIVOS NEGROS/AS/ES DA UFRJ EM DEFESA
DOS MOÏSES DE DENTRO E DE FORA DA ACADEMIA

Nós, coletivos negros/as/es da UFRJ, vimos a público nos manifestar veementemente contra os assassinatos cruéis e covardes do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, que se juntam às estatísticas de outros corpos negros mortos nesse país diariamente. Só em 2019 foram assassinados 31.988 homens negros e a maioria desses homicídios não ganhou as televisões do país.


A academia precisa estar lado a lado com o conjunto da sociedade, tomando posição tanto no sentido de combater o racismo como de construção de políticas públicas antirracistas. Vivemos em uma país racista, no qual o racismo não se manifesta apenas com o extermínio físico de negros/as/es, mas também com a imposição de humilhações cotidianas aos não brancos e instamos as universidades a se posicionarem, em especial a UFRJ.


Já passou da hora das academias assumirem uma postura antirracista. Para tanto, é necessário incluir saberes negros e indígenas nos nossos currículos. É imprescindível estudarmos suas culturas, suas lutas e resistências. Assim, combateremos os princípios da modernidade expressados pelo ocidentalismo/colonialidade no interior das nossas aulas. Por consequência, a universidade pode contribuir para a minimização de racismo na sociedade, sobretudo, porque, o que se ensina aqui se dissemina, através de seus egressos para o restante da coletividade.


É fundamental garantir a permanência de alunos/as/es negros com apoio de bolsas, restaurantes universitários etc, através de ações propositivas no tocante à assistência estudantil. É imprescindível que tenhamos concursos públicos em que possam efetivamente entrar professores negros.


É fundamental que institucionalmente a UFRJ, em especial, a reitoria, não acolha assessores racistas, nem se posicione em defesa daqueles que atacam e excluem alunos e servidores negros, afirmando que eles se vitimizam. Se uma universidade desdenha do racismo nas suas atividades cotidianas, mantendo em seus quadros professor que apoia esse tipo de exclusão, colabora para o não combate ao racismo.


A partir da tomada de decisões antirracistas, poderemos contribuir um pouco que seja para que outros Moïses e Durvais não sejam assassinados. Solidarizamo-nos e prestamos todo apoio às famílias do Moïse e do Durval! Os coletivos negros da UFRJ seguirão na luta contra os assassinatos físicos e psicológicos de todos os Moïses de dentro e de fora da academia! Continuaremos nas ruas por todos os corpos negros e contra os racismos declarados e velados!


Rio de Janeiro, 05 de fevereiro de 2022


  • QUILOMBO DO IFCS/UFRJ
  • COLETIVO DE DOCENTES NEGRAS/OS DA UFRJ
  • CÂMARA DE POLÍTICAS RACIAIS DA UFRJ
  • GP ANCINE-NEPP-DH/UFRJ – CNPq
  • CPDEL/UFRJ (COLETIVO DE PESQUISAS DECOLONIAIS E LIBERTÁRIAS)
  • GRUPO DE PESQUISA: HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO DA ANCINE: REFLEXÕES PERTINENTES.
  • TRANSLIT UFRJ (TRANSLINGUISMO LITERÁRIO ESP/ING/PORT)
  • GRUPO DE LICENCIANDES DO SUBPROJETO PIBID ESPANHOL UFRJ (EDITAL 2020-2022) – AFROLATINOAMERICANIDADES
  • LABORATÓRIO GERU MÁA
  • NEGRAM, NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM GEOGRAFIA, RELAÇÕES RACIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS, DO IPPUR/UFRJ.
  • OTAL/UFRJ (OBSERVATÓRIO DO TRABALHO NA AMÉRICA LATINA)
  • NÚCLEO DE SUBJETIVIDADE E ANCESTRALIDADE DONA IVONE LARA
  • COLETIVO PRETO VIRGINIA LEONE BICUDO DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA
  • GEFPRODI – GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS, DIVERSIDADE E DIFERENÇA CULTURAL
  • COLEMARX – COLETIVO DE ESTUDOS EM MARXISMO E EDUCAÇÃO DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFRJ
  • LABORATÓRIO X DE ENCRUZILHADAS FILOSÓFICAS
  • LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA – LAESPNE
  • COMITÊ PERMANENTE DE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS (ERER CAp UFRJ)
  • NÚCLEO DE ESTUDOS TRABALHO E SOCIEDADE (NETS-UFRJ)
  • PROJETO EM AFRICANIDADE NA DANÇA EDUCAÇÃO – PADE/UFRJ
  • ORI GRUPO DE PESQUISA EM RAÇA, GÊNERO E SEXUALIDADE PIPGLA/UFRJ E PPRER/CEFET. DIRETÓRIO DE GRUPOS DE PESQUISA CNPQ
  • GP ECOLOGIAS DO NARRAR – UFRJ
  • CURRÍCULO EM MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL (CEIMOV- UFRJ)
  • LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ATLÂNTICA – UFRJ
  • COLETIVO NEGRO MARLENE CUNHA – PPGAS MN UFRJ
  • GRUPO DE ESTUDOS MUNIZ SODRÉ SOBRE RELAÇÕES RACIAIS (GEMS- LECC/ECO/UFRJ)
  • LEN (PACC/UFRJ) – LABORATÓRIO ESTUDOS NEGROS
  • PIER – PROJETO DE INTEGRAÇÃO ÉTNICO-RACIAL

APOIO DE COLETIVOS, MOVIMENTOS E SINDICATOS DE FORA DA UFRJ

  • PROJETO TÓPICOS EM EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA/RS
  • COLETIVO DOCENTE ANDES DE LUTA E PELA BASE – NÚCLEO UFRJ
  • MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO – RJ
  • UNEGRO
  • SINDICATO GERAL AUTÔNOMO DO RIO DE JANEIRO (SiGA-RJ)/FOB
  • ENCONTRO DE PROFESSORES/AS NEGROS/AS, ATIVISTAS E MILITANTES ANTIRRACISTAS DA UFF – ENUFF
  • COLETIVOS DE CAPOEIRA: MESTRAS E CM UNIDAS DO RJ
  • RÁDIO CAPOEIRA 
  • FÓRUM DE CAPOEIRA DO RIO DE JANEIRO 
  • COLETIVO MUANES DANÇATEATRO
  • MESTRA ÚRSULA CANTO – GRUPO GUAIAMUNS FRANÇA
  • FÓRUM DE CAPOEIRA DE NITERÓI
  • PROJETO COYOTE VIVE SP
  • ÌYÁ MARLI ÒGÚN MÉJÌRE AZEVEDO/ CENTRO CULTURAL ROUXINOL
  • JONGO DA LAPA
  • MOVIMENTO VOLUNTÁRIO CULTURAL DE MACAÉ RJ
  • CENTRO CULTURAL NOVA GERAÇÃO DE CAPOEIRA
  • CENTRO CULTURAL DE CAPOEIRA AWO ÀIYÉ
  • ASSOCIAÇÃO IÊ CAPOEIRA.
  • ILE DE SEU PEIXINHO RJ
  • ASSOCIAÇÃO CIVIL CAPOEIRA CIDADÃ
  • GRUPO DE ESTUDOS SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA – MARIELLE FRANCO (GESPN)/ RJ
  • QRC – QUILOMBO RAÇA E CLASSE/RJ

3 comentários em “CARTA ABERTA DOS COLETIVOS NEGROS/AS/ES DA UFRJ EM DEFESA
DOS MOÏSES DE DENTRO E DE FORA DA ACADEMIA

  1. Alexandre Carvalho dos Santos Responder

    O Projeto em Africanidade na Dança Educação na Dança Educação na Dança Educação – PADE/UFRJ apoia esse movimento.

  2. Claudia Vitalino Responder

    Depois de 133 anos de abolição ,em pleno século XXI o Brasil e o mundo ainda vive no tempo da barbárie onde a cor da pele,decide quem tem direito de viver e morrer .
    Lamentável, triste e doloroso momento da raça que se diz humana e evoluída

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