NOTA DOS COLETIVOS NEGROS DA UFRJ

(COLETIVO DE DOCENTES NEGRAS/NEGROS e QUILOMBO DO IFCS)

Rio de Janeiro, 14 de set. de 23

No último mês, aconteceram alguns lamentáveis fatos que passaram desapercebido pelas instituições da UFRJ, a saber: 1) ocorreu o desabamento de parte do teto da Escola de Educação Física, Desportos e Dança; 2) no IFCS aconteceu um curto-circuito que deixou parte do quarto andar sem energia elétrica; 3) Desabamento no bloco N do CCS.
Esses não são fatos isolados. O Museu Nacional já foi totalmente incendiado. O prédio antigo da reitoria já foi todo deteriorado. Ainda ocorreu a interdição da sede do CAp no Fundão. Qual será o próximo prédio? Será necessário termos vítimas? O que mais será preciso para que nossas instituições tomem providências?

A situação de calamidade de diferentes institutos da UFRJ é antiga e deveras notória e nos remete a aspectos de ausência de investimentos na conservação e segurança dos espaços onde se desenvolvem atividade de ensino, pesquisa e extensão.

Nos últimos anos as Universidades têm passado por brutal contingenciamento de recursos, levando ao desfinanciamento.
O que ocorreu na EEFD, CCS, CAp e IFCS é resultado de uma política de ataque à educação, com cortes de recursos nas Universidades e que poderá ser aprofundado com as políticas de arrocho em curso, em especial pelo arcabouço fiscal, levará a mais cortes no investimento em educação, ciência e tecnologia.

Diante desses acontecimentos, cujas ocorrências têm aumentado visivelmente, demonstrando que há uma necessidade urgente de que a UFRJ se debruce sobre as reais condições de seus prédios, laboratórios e demais espaços de atividades, de forma a ser dada a mínima segurança para seus usuários permanentes e eventuais, por conta da função social da Universidade enquanto espaço de construção do conhecimento e de atendimento à sociedade como um todo.

Os fatos ocorridos nas supramencionadas instituições poderiam ter sido desastrosos quanto à integridade física de seus usuários, podendo gerar condutas de responsabilização da UFRJ.

Ademais, é de fundamental importância que nos posicionemos diante dos cortes na área de educação realizados pelo governo anterior e não desfeitos pelo atual governo. Educação não é esmola, não é mercadoria, significa investimento na sociedade.

Infelizmente, nós docentes, não temos uma
seção sindical que reivindique melhores condições de trabalho para a categoria. Estamos sob uma direção sindical amorfa que não se posiciona de maneira independente seja diante da reitoria, seja diante do governo federal. Uma instituição que ganha tubos de dinheiro da categoria e, inexplicavelmente, não se posiciona diante da ausência de investimentos em educação. A ADUFRJ já não se posicionou diante da recusa do governo federal em repor aos nossos salários o que perdemos com os índices de inflação. Agora, não se posiciona diante da deterioração dos nossos prédios. Para que serve então esse sindicato?

Nós do Coletivo de Docentes Negros e do Quilombo do IFCS, clamamos por responsabilidade para com nossos estudantes, técnicos, docentes e trabalhadores terceirizados. É necessário que a comunidade acadêmica se posicione diante desses casos antes que tenhamos vítimas fatais. É necessário socorrer a educação que está agonizando.

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