Aula 20 de agosto 2020
Autor: Wallace de Moraes
Edição/transcrição: Cello Latini
SAMBA DA MANGUEIRA ENQUANTO INSPIRAÇÃO TEÓRICA
Na live do CPDEL no Festival de Conhecimento da UFRJ fiz questão de abrir a transmissão com dois sambas da Mangueira: o de 2019 e o de 1988. Fiz exatamente essa fala: “o samba não está aqui como alegoria, não está como nossa fonte primária; ele está como nosso quadro teórico, ou como nossa referência teórica”. É diferente. Percebam o deslocamento. O samba não está aqui enquanto objeto de estudo, mas sim como inspiração teórica para entender outros objetos. No processo da produção do conhecimento, a referência teórica serve como um guia para os estudos, servindo como lente para analisar objetos de estudo. É esse lugar que esses sambas ocupam para as pesquisas do CPDEL.É claro que sob uma perspectiva ocidentalizada isso não seria possível, pois em seus termos, os compositores da Mangueira não possuem saber para produzir conhecimento. Aqui invertemos tudo isso e agradecemos aos compositores por produzirem um saber que dificilmente poderia ser realizado por essa universidade pautada pelo racismo epistêmico.
TRIPLO EPISTEMICÍDIO E HISTORICÍDIO
O nosso curso visa utilizar autoras e autores negros e indígenas para combater uma perspectiva ocidentalizada. Também vou utilizar autores anarquistasque também sofreram desse epistemicídio, porque eu tenho certeza que, embora muitos autores anarquistas possam ser brancos, vocês nunca leram nenhum deles nem na graduação nem no Ensino Médio. Tal como não lhes foi passado um autor negro, um Abdias Nascimento, uma Lélia Gonzalez, tal como não lhes foi passado um David Kopenawa, um Daniel Munduruku, um Ailton Krenak, autores indígenas. Esta é a comprovação de que existe um triplo epistemicídio, que significa atentar contra, ou impedir, ou não ouvir, ou desqualificar as perspectivas teóricas negras, indígenas e anarquistas. E incluo a perspectiva anarquista, pois é uma filosofia política absolutamente anti-moderna – e há quem critique, pois aprenderam que o anarquismo é a quintessência do mal, tal como o negro, para usar um termo de Fanon.
Quero que vocês compreendam esse casamento que estou tentando fazer entreas filosofias negras, indígenas e anarquistas. E, portanto, quando falo de filosofias negras indígenas, estou falando de uma perspectiva decolonial. Veja, a decolonialidade não inclui o anarquismo. Quem está fazendo essa inclusão sou eu. Faço isso pois acredito fortemente que as práticas e os conceitos anarquistas podem colaborar enormemente para as lutas pela emancipação de negros, indígenas e trabalhadores brancos em geral. Simultaneamente, pode colaborar para as lutas contra as opressões sociais contra a comunidade LGBTQIA+, contra as opressões religiosas, acadêmico-científicas, da estética-produtiva e todas as outras.
Quero apresentar outro ponto fundamental que talvez nos ajude a pensar. Há um epistemicídio contra a filosofia negra e indígena e há um historicídio – que é diferente. O epistemicídio está no campo da episteme, da epistemologia, da filosofia teórica, e o historícidio está no campo das realizações das ações diretas e dos fatos históricos. É por isso que nos livros de História não nos é passada a história indígena pregressa a 1500. Por isso não nos é ensinada a Revolução do Haiti, a primeira revolução da América Latina realizada por negros, no início do século XIX, e que é uma revolução absolutamente anti-moderna. Podemos chamá-la de primeira revolução decolonial. Não nos ensinam sobre o papel dos quilombos, e não estou falando somente de Palmares, não havia apenas o Quilombo de Palmares no Brasil, havia vários. Os livros de História não falam da Confederação dos Tamoios, uma revolta indígena no contexto do colonialismo ou se falam não lhe dão centralidade.
Por outro lado, estudamos Revolução Francesa, Revolução Industrial, Revolução Inglesa e Revolução Russa. Todas europeias. As três primeiras são fundamentais para o pensamento liberal que domina as universidades. A última diz respeito ao pensamento marxista que conseguiu espaço importante nas universidades. Assim, o papel dos anarquistas na Revolução Russa é absolutamente apagado. Suas lutas pela autonomia dos sovietes, pela democratização, na Revolução de Kronstadt, na Ucrânia com Nestor Makhno e seu exército foi jogado para de baixo do tapete da História. Mesmo no contexto europeu, a Revolução Espanhola não é estudada em nossas escolas porque os anarquistas eram maioria na resistência. A Revolução Mexicana também sofre de historicídio, uma revolução latino-americana, dirigida por Zapata, por Pancho Villa, por indígenas e por anarquistas.
Estudamos a Revolução Francesa, mas não estudamos a Revolução Haitiana, nem a Mexicana, nem os quilombos e seus equivalentes pelas Américas. É isso que chamo de Historicídio. Significa, na prática, privilegiar alguns conteúdos em detrimento de outros. Não por coincidência, os que são desprivilegiados são exatamente aqueles que expressam as lutas autônomas de negros, indígenas, anarquistas. Podemos ainda incluir um históricídio contra as lutas por autonomia de LGBTs e mulheres.
A perspectiva que vocês têm de anarquismo, se não estudarem, é a pior possível. O mesmo acontece com as filosofias negras e indígenas, porque vivemos num mundo ocidentalizado, eurocentrado, moderno, colonialista, que permanece assim até os dias atuais. Como fazer essa revolução?Esse é o nosso desafio. É o desafio de vocês que estão no mestrado, doutorado na UFRJ. Como desconstruir isso? Teve uma aluna que me falou “Wallace, na filosofia eu estudei só autores brancos”, e isso é verdade. Se você não estiver fazendo parte de um coletivo, como o do Rafael Haddock Lobo, que privilegia esse tipo de literatura anti-moderna, negra e indígena, você não vai estudar.
Epistemicídio é um conceito criado por Boaventura de Souza Santos, no livro “Renovar a teoria crítica”. Para Boaventura, todo conceito, toda epistemologia fora da academia é rejeitada. A academia só aceita aquilo que é produzido por ela mesma, por um saber ocidentalizado, rejeita toda epistemologia criada por movimento social. Ele não racializou diretamente o conceito de epistemicídio. Nos meus dois últimos livros, peguei esse conceito e o ampliei um pouco mais. Não só esse saber popular é rejeitado na academia – jamais aceitariam um samba da Mangueira como quadro teórico, pois fomos doutrinados a rejeitar isso, mas também todo saber produzido aqui que conteste todos os pilares da modernidade, como o anarquismo, bem como todo o saber autônomo produzido por indígenas e negros. Sob esses princípios acadêmicos ocidentalizados, se você se apresenta como partindo do pensamento negro, indígena, rapidamente você será acusado de parcial, sendo-lhe negado a possibilidade de implementar uma pesquisa nestes termos. Em resumo, o que vigora na academia é o conceito de Max Weber da suposta neutralidade axiológica, que resultaria em uma saber imparcial, neutro,negando o fato que sempre falamos de algum lugar, a partir de uma determinada experiência.
RACISMO EPISTÊMICO E ESTADOLATRIA
Combater o racismo tem que estar casado com o combate ao ocidentalismo, ao eurocentrismo. Aí, podemos usar os termos da aula de hoje: racismo epistêmico. Por que racismo epistêmico? Isso começa lá desde Maquiavel, Hobbes, Locke. Ganha materialidade concreta com Hegel. Continua com Kant, que é racista. Locke racista. Porque dizem,por diferentes caminhos, que o negro não tem capacidade de filosofar, de criar.
Existe saber que é produzido também dentro da própria academia e que também é rejeitado porque é anti-moderno. E quando estou falando de anti-moderno, temos que entender a modernidade casada com a colonialidade do poder. Ser moderno significa o estabelecimento de um racismo epistêmico, de uma adoração ao Estado – Estadolatria –, nenhum teórico desses consegue pensar para além do Estado, como se o Estado fosse uma instituição quase que perene, ou uma instituição natural, que existe desde sempre. Na verdade, ela foi criada para matar, prender, pretos, indígenas, anarquistas, vendedores de força de trabalho em geral, obrigando-os a assimilar seus costumes e produzir riquezas para uma minoria governante branca.
PATRIARCADO BRANCO
Existe sim um patriarcalismo, um sistema de opressão, que é europeu.As mulheres estão muito subordinadas, mas quero pontuar uma questão aqui. A questão patriarcal também é atravessada pelo racismo. Não dá para colocar um homem negro no mesmo patamar do homem branco. É simples. Se formos comparar, hoje, nas grandes empresas brasileiras, quem está nos melhores cargos: mulheres brancas ou homens negros? Veja, eu não vou nem colocar a mulher negra. Se a gente olhar para nossa universidade, temos centenas de professoras brancas, centenas. Quantos são os homens negros?
Então, não dá para colocar o homem negro no mesmo patamar do homem branco. Esse feminismo branco europeu pode fazer isso sem problema nenhum na Europa, lá todo mundo é branco. Agora, às vezes, as pessoas trazem as questões, alguns conceitos, e tentam aplicar aqui, nas Américas, sem ressignificar, e aí temos problemas muito sérios.
Em todas as pesquisas que forem realizadas entre mulheres brancas e homens negros, as mulheres brancas estarão sempre em melhores cargos do que os homens negros. Até porque, no século XIX, as mulheres brancas podiam mandar chicotear, matar, açoitar o homem negro. Esse padrão colonialista não mudou. Isso não inviabiliza que critiquemos o patriarcado e o machismo. Todavia, essa crítica deve estar atrelada aos seguintes termos: quando fizermos uma crítica ao patriarcado, devemos dizer o patriarcado branco. Porque o homem negro está nos piores empregos, está sendo assassinado pelo Estado, está no subemprego e por aí vai. Claro teremos algumas exceções. Todavia, se olharmos para todas as nossas instâncias do poder político e econômico do Brasil, veremos mulheres brancas no STF, que já foram presidentes, dominando em maioria no Senado e no Congresso, tudo isso com relação ao homem negro. Tem muita mulher branca que está acostumada, pela questão racial, a oprimir o homem negro. Se o homem negro almeja por igualdade, ele é acusado de machista. O que prevalece é a opressão colonialista.
A ideia de raça perpassa todas as governanças sociais e institucionais. A questão racial atravessa todas as questões de modernidade e colonialidade. Todos os autores da literatura decolonial como Anibal Quijano, Ramón Grosfoguel, Maria Lugones e outros defendem essa tese. Se a gente pegar um gay, uma lésbica, uma pessoa LGBTIQIA+, se for negro ele sofre mais do que se for branco. O branco gay sofre opressão, mas o negro gay sofre mais ainda.
De acordo com Fanon: “existe a zona do ser e a zona do não ser”. Homens e mulheres brancos estão na zona do ser. Homens e mulheres negros e indígenas estão na zona do não-ser. Não ser é não ser humano, na qualidade de subumano. Na parte superior, considerada como humano, o branco oprime a mulher branca. Então, é legítimo que a mulher branca faça um movimento de igualdade em relação aos homens brancos, com igualdade de salários, de empregos, direitos etc. Mas não dá para incluir uma reivindicação da mulher branca com relação ao homem negro. Ela deve saber que está lutando contra o patriarcado branco. Caso contrário, é um equívoco, que não se instrumentaliza do ponto de vista histórico, porque a mulher branca podia matar, açoitar um homem negro há um século. É fato concreto. E hoje elas ocupam lugares melhores em relação a homens negros, embora estejam em lugares piores do que homens brancos.
Agora, é criminoso o que se faz com a mulher negra. A real luta é uma luta pela independência da mulher negra. Uma luta revolucionária é uma luta pela independência, pela liberdade, pela igualdade da mulher negra e indígena. Aí sim mudamos tudo da ponta à cabeça.
A IMPOSIÇÃO NA UNIVERSIDADE DA CULTURA OCIDENTALIZADA
A minha dissertação foi sobre John Locke. Eu não pude, no lugar em que eu estudei, fazer uma dissertação sobre outro pensamento. Me jogaram para o liberalismo. Eu também não tinha saber para contestar essa imposição. Era como se fosse natural a minha obrigatoriedade em aprender os saberes produzidos pelos europeus estadolátricos, patriarcais, capitalistas. Pensando nos dias de hoje, foi ótimo, estudei e tenho elementos para fezer a crítica desse pensamento, uma crítica por dentro, interna. Mas obviamente não era o ideal para mim. Não dizia respeito à minha cultura, à minha vida. Não tinha diálogo nenhum com meu cotidiano. Quem é de origem popular sabe disso.
Para um aluno que mora em Ipanema, no Leblon, que viaja todo ano para a Europa, passa suas férias de verão em Paris, faz todo sentido, ele é moderno. Moderno é isso: é a pessoa que está completamente de acordo com os princípios brancos, capitalistas, estadolátricos, patriarcais, heteronormativos ocidentalizados.
O conceito de ocidentalizado é maior do que eurocentrado, porque inclui os Estados Unidos. E essa elite branca governa todos os países na América Latina. Esse é o grande ponto.
APRENDENDO COM AS PRÁTICAS INDÍGENAS, NEGRAS E ANARQUISTAS
Se nós estivéssemos em sala no IFCS, eu teria feito um círculo, para distribuir e para não centralizar esse saber, essa discussão. É uma perspectiva horizontalizada, para usar um termo anarquista, ou circular, para usar um termo indígena ou africano. É esse casamento entre perspectivas indígenas, negras, africanas autônomas e anarquistas que pode contribuir muito para essa reflexão. Uma luta de libertação negra e indígena tem que ser decolonial, tem que estar em contrário a todos os princípios estabelecidos por essa modernidade e colonialidade que nos escravizou, que continua nos matando cotidianamente. Nós somos assassinatos por quem?
AS BASES DO PENSAMENTO DECOLONIAL E LIBERTÁRIO
Negros e indígenas são muito bem aceitos se pedirem benção, todos os dias, para seus governantes brancos; se estão dispostos a trabalhar e produzir riqueza para eles. Como eles pensam: “se você trabalhar para mim, está ótimo”; “Se você trabalhar sem reclamar está ótimo”; “se impulsionar o capitalismo, está ótimo”. Como quebrar isso? Esse é o nosso principal desafio intelectual, epistemológico, filosófico, histórico.
As bases daquilo que chamo de pensamento decolonial e libertário está pautada em alguns dos termos a seguir: 1) o capitalismo foi construído com base no regime de escravidão de negros e no roubo das terras e riquezas de indígenas e africanos; 2)o Estado foi construído com o objetivo de fazer de nossos corpos meros produtores de riquezas para os governantes brancos.Para quem fugisse desse padrão, moderno e colonialista,o Estado cumpre a função de nos aprisionar, matar e fazer obedecer; 3)tanto o capitalismo como o Estado estão pautados pela ideia de raça e racismo, consequentemente; 4) então, por inferência simples, essas instituições (Estado e capitalismo) cumprem um papel histórico que a colocam como inimigas dos povos negros e indígenas.
Em contrário a tudo isso, a experiência quilombista é a grande referência, construída por ação direta, pela revolução social e por autogoverno de negros, indígenas e brancos.
Esse é um projeto que não pode ser individual. Ninguém consegue sozinho desconstruir mais de 500 anos de domínio, de colonialidade do saber, de racismo epistêmico, de epistemicídio e de historicídio. Nós temos que somar forças uns com os outros, sabermos que somos irmãos, os negros. Irmãos brancos que quiserem colaborar, ótimo! Entender, compreender o racismo, fazer a crítica do lugar de privilégio, e por aí vai. Penso que isso será muito bom. Talvez, estejamos colaborando para uma grande revolução no saber curricular. Não tem sentido continuarmos estudando os autores que a gente estuda aqui com nenhuma referência para os nossos povos.
Eu procuro associar uma filosofia negra, uma filosofia indígena e uma filosofia anarquista, ou, para juntar os dois conceitos, uma filosofia decolonial e libertária. É importante ampliar essa reflexão. Para mim não existe bíblia, não existe dogma. O anarquismo tem muito a contribuir para uma luta anti-racista, tem muito a contribuir para uma independência e emancipação dos povos com seus diversos conceitos, mas também, em nome do anarquismo, já se cometeram muitos erros. Então, na hora que tivermos que criticar o anarquismo, a gente vai criticar. O anarquismo tem muito a contribuir com os conceitos de horizontalidade, autogestão, de autodeterminação dos povos, uma crítica profunda ao Estado, ao regime capitalista, com uma crítica que o Proudhon fez ao modelo de escravidão no século XIX na Europa, com o resgate que o Kropotkin faz das comunas européias, no livro “O Estado e Seu Papel Histórico”, que ajuda demais, porque parte do ponto de vista das comunas. Esses conceitos colaboram para uma lua anti-racista.
Assim como o anarquismo deve contribuir para a perspectiva decolonial, a perspectiva decolonial deve contribuir para o anarquismo. Os primeiros escritos anarquistas fizeram uma crítica profunda do capitalismo, do Estado, da propriedade privada, das desigualdades sociais, da falta de liberdade, do autoritarismo, das opressões etc, mas não fizeram uma crítica do racismo, e esse foi o erro. É nesse aspecto que a perspectiva decolonial colabora para o pensamento anarquista. Os anarquistas têm que entender que o que funda a modernidade, o que funda a colonialidade, são as ideias de raça e racismo.
No fime ao cabo, os anarquistas estão preocupados com a ideia de classe social, mas essas classes sociais valiam perfeitamente bem para a Europa, e sem problema nenhum, porque todo mundo é branco! O governante branco explora o trabalhador branco, o servo branco era humilhado. O que o servo branco passou na Europa antes da Revolução Francesa foram coisas absurdas! A matança das mulheres chamadas de bruxas, foram coisas absurdas. Isso é branco matando branco. Há uma questão de classe, uma questão patriarcal. A crítica que alguns autores anarquistas produziram valia muito bem ali, naquele momento.
Agora, na produção daqui, da América, a questão racial já está atravessando tudo. Só anarquistas das Américas é que puderam produzir questões que se valessem dos conceitos anarquistas e que, ao mesmo tempo, colocassem a questão racial no centro do debate.
O que há em comum entre uma filosofia libertadora negra e indígena decolonial com o anarquismo é uma crítica à modernidade. Claro que os caminhos não são exatamente os mesmos, mas eles chegam a um mesmo objetivo.
Dentro da Europa, só o anarquismo fez uma crítica da modernidade. O marxismo não fez. O marxismo é uma teoria moderna que faz crítica a parte da modernidade, mas não consegue fazer uma crítica ao Estado – e não tem inimigo maior de negros e indígenas que o Estado.Do ponto de vista histórico, foi o Estado que conduziu o colonialismo, a modernidade, o capitalismo, o patriarcado e o racismo. Foi o Estado que escravizou e matou negros e indígenas. Quando não foi realizado diretamente por ele, contou com a sua anuência. Sem Estado,não teríamos uma organização societal nos moldes em que nos encontramos hodiernamente.É o Estado que mata negros e indígenas até hoje. Está matando há 500 anos.
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